Menu

domingo, 19 de agosto de 2012

A Canção do Senhor da Guerra


  • INTERPRETAÇÃO

Existe alguém esperando por você,
que vai comprar a sua juventude
e convencê-lo a vencer.

     Nos versos desta primeira estrofe podemos observar que Renato Russo, na voz do seu eu lírico, faz um alerta a quem o ouve. É tudo muito literal. Só o que podemos dizer disso é que, na opinião clara de Renato, ir à guerra é como jogar fora a sua juventude; que vencer não é uma ideia própria, sua, mas sim algo a que você foi convencido por alguém. Basta saber quem é esse alguém.

Mais uma guerra sem razão.
Já são tantas as crianças com armas nas mãos!
Mas explicam novamente
que a guerra gera empregos,
aumenta a produção.

     Não há sentido em fazer guerra, não há nada que justifique armar crianças de dezessete ou dezoito anos e mandá-las para a guerra. E todo mundo tem consciência disso! Por isso, é preciso alienar as pessoas, inventando explicações, inventando motivos e razões que não existem.

Uma guerra sempre avança a tecnologia,
mesmo sendo guerra santa, quente, morna ou fria.
Pra que exportar comida,
se as armas dão mais lucro na exportação?

     "Nenhuma guerra pode ser santa.".
     Nesta estrofe percebemos as menções à Guerra Fria. Quem dirá que a disputada corrida armamentista entre a URSS e os EUA não avançou as tecnologias bélicas? Quem dirá que a corrida espacial também não foi o resultado de uma guerra (fria, porém ainda guerra)?
     Tudo bem, há consequências positivas. Inclusive, uma guerra gera realmente empregos e aumenta a produção. Porém, como já dizia o poeta, nenhuma ideia vale uma vida. Basta as pessoas saberem disso.

Existe alguém, que está contando com você
pra lutar em seu lugar,
já que nessa guerra não é ele quem vai morrer.

     Há um sábio provérbio africano que diz: "Quando dois elefantes brigam, quem sofre é a grama". A guerra não é do povo, é dos governos, dos governantes. Mas esses não lutam. Os governantes não arriscam suas vidas em trincheiras. É loucura lutar por ideias que não são seus, por algo que não acredita. É quase como se Renato Russo nos dissesse para pararmos de ser bobos, de sentirmo-nos heróis por morrermos no lugar de quem não merece.

E quando longe de casa, ferido e com frio,
o inimigo você espera,
ele estará com outros velhos,
inventando novos jogos de guerra.

     Esses versos são muito interessantes. Numa guerra, supostamente, existem dois lados. Se o Brasil entra em guerra com os EUA, supõe-se que os grandes inimigos brasileiros são os estadunidenses. Na verdade, não há inimigo maior para um homem do que aquele que o instiga a brigar, a lutar, a fazer guerra. A real inimiga de um soldado é a crença, que vem sido cultivada (inclusive nos videogames), de que o grande herói da humanidade é o patriota que luta pelo seu país.

Que belíssimas cenas de destruição!
Não teremos mais problemas com a superpopulação.

Veja que uniforme lindo
fizemos pra você.
Lembre-se sempre
que Deus está do lado de quem vai vencer.

     O eu lírico continua nos apresentado argumentos que os grandes poderosos usam para nos convencer a guerrear. Aqui, em especial, nos remonta às "guerras santas", onde usam da crença de certo povo para fazê-lo lutar por um ideal distorcido.

O Senhor da Guerra não gosta de crianças!

     Renato Russo finaliza a canção com uma frase que engloba tudo que ele quis dizer. Dizer que o Senhor da Guerra não gosta de crianças é como dizer que a guerra não fará bem algum. Heróis de Guerra, no final de tudo, não servem pra nada. Quem quer guerra não se importa com quem a faz; quem a faz quase sempre  não compreende o seu propósito e é, por isso, ingênuo, como criança.
     Ei, garoto, o Tio Sam nunca ligou pra você! Ele não gosta de crianças...

Nenhum comentário:

Postar um comentário